quinta-feira, 14 de julho de 2016

Calculadora

Não consigo encontrar respostas na fria matemática dos números. O tiquetaquear preciso da calculadora do tempo às vezes parece alongar a contagem dos segundos, transformando minutos em horas intermináveis. Quem espera algo que está por acontecer vive a agonia da incerteza, sobrepujando a esperança como sua mais fiel aliada contra a força dos pensamentos mal vindos. 

Quantas madrugadas mal dormidas por conta dos números. O dinheiro que acaba, as contas que chegam, os dias para as férias, a métrica da música, a menstruação que atrasa. Tudo conta, tudo soma, tudo pesa. O sono não tem, a manhã não chega, e pra piorar Ela só vem no fim de semana. Que deus me ajude, que o tempo mude, que o amor prevaleça.

Quero estar certo sobre a simplicidade da vida, mas a certeza que eu tenho pra Ela nem sempre faz sentido. A calculadora ainda fraciona as memórias atribuindo valores diferentes para boas e ruins enquanto as marcas do passado aparecem como fantasmas sórdidos e insistentes.

Eu sei, a racionalidade as vezes é uma droga. Uma droga pesada e viciante. Mas o sentimentalismo também. Tem horas em que me sinto egoísta, simplista, me vejo quase hedonista e no passar de um segundo um pensamento niilista me detém. 

O cheiro dEla me chega agora num sopro de vento. Já não são mais as borboletas que gritam pra mim e sim uma luminosa flor de lótus que me faz viajar. Não, não é o ópio, é o óbvio, escancarado na minha mente. Quero ter mais tempo, voar ao seu lado e ver o dia correr mais lento. Quero a minha vida na dEla e assim, depois, quero outra vida.

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