terça-feira, 19 de março de 2013

outono

Não quero sua censura, nem quero te ver procurando nas entrelinhas mensagens subliminares inexistente. Deixe-me usufruir de minha licença poética sem uso de aspas ou tremas, sem esquemas e sem vergonha. Deixe meu personagem Alter Ego viver suas aventuras improváveis em terras insólitas, e que desfrute sem dó nem piedade das nuances de minhas palavras desnudas. Deixe que viva sem planos, além do tempo ou do espaço, que não tenha casa nem endereço, que não precise de cadeiras na varanda em dias tristes de outono, cheios de folhas ao chão e fins-de-tarde cinzentos.

sexta-feira, 15 de março de 2013

sem sal


Se o meu leite ta morno, eu bebo. Se a cerveja ta quente, eu bebo também. Até posso fazer um pequeno protesto: "pô, cerveja quente é foda", mas continuo bebendo, quem sabe daqui a pouco mais ela fique geladinha.
Quem sabe seja um reflexo de ser um "semi-jovem" que já foi muito-mais-legal, mas que hoje só contempla sem muitas pretensões os vai-vêm rotineiros da vida, sem querer cobrar nem pagar para ver o espetáculo, seja ele o drama ou a minha pública comédia da vida privada.

segunda-feira, 4 de março de 2013

verbalizar

Volte para mim, oh vontade de escrever. 

Me venha com palavras fáceis, em verso ou em prosa, rasgue de dentro dos dedos que tremem, denunciando a falta de coragem ou a falta de jeito.
Vença a distração do telefone que toca nas horas impróprias e que leva pra longe as poucas rimas que surgem.
Faça desse branco vazio um esplendoroso bem-dito, que traga o suspiro e o riso com lágrima.
Não se entregue às dúvidas nem às dívidas do mau uso do verbo, ou da carne. Venha fácil, leve e sem receio. Fale do seio, da boca, do beijo ou simplesmente do rímel borrado nos olhos dela. Quero a palavra molhada, com o gosto do sexo e da cerveja gelada do bar. Quero todas aquelas letras que me sobram quando acordo de madrugada, quando sono me falta e idéias me sobram.