sexta-feira, 3 de março de 2023

EPITÁFIO

SE EU TIVER QUE IR
QUE ASSIM SEJA
MAS NADA DE TRISTEZA
NÃO QUERO DEIXAR SAUDADE
FICA APENAS A BELEZA
DE MOMENTOS DE VERDADE
VÍVIDOS E BEM VIVIDOS
NÍTIDOS E AS VEZES SEM SENTIDO
COM CLASSE ME DESPEÇO
COM DOR ME FAÇO AUSENTE
PRA QUE UM DIA QUEM SABE
CHEGUE A SER ISSO UM PRESENTE
E REMOENDO OS SENTIDOS
BOCAS, PÉS E OUVIDOS
NA SINTONIA DAS FRASES
DAS FASES, DAS FACES
ME PERMITAM OLHAR
E ASSIM SABER
O QUE É
E O QUE JÁ NÃO PODE SER

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Ao amigo

 Ontem eu te vi na rua, amigo. Caminhava com passos certos e firmes, e o semblante ainda indefinido... Triste, em paz? Quis parar o carro ali mesmo, em qualquer lugar, em fila dupla, que fosse, pra te encontrar com um abraço forte, quente, um sorriso verdadeiro no rosto, como em outros tempos, quando coisas tão simples como essas nós eram permitidas sem receios. 

Mas não fiz. Foi só um aceno de mão, querendo dizer tudo o que meses de silêncio e distância não permitiram. Te acompanhei ao longe enquanto cruzava a Oswaldo Aranha e seguia seu caminho. Vai ficar tudo bem, pensei comigo. Quantos outros amigos não vejo, não tenho por perto, não sinto... Ou sinto, sim. Sinto falta, saudade e sim, sinto muito. Sinto por estar longe, distante e em silêncio. E não é um silêncio mudo, confortante, mas um silêncio ruidoso e sem música, sem nota nem melodia, sem risos e sem cor.

Estou aqui, amigo. Mesmo que você não me veja, aqui estou. E mesmo nesse novo mundo, cheio de tecnologia de comunicação, que nos aproxima e conecta, nos permite estar perto mesmo estando muito longe, ainda assim não nos aquece nem preenche.

Mas conte comigo, meu querido amigo. Isso tudo vai passar. E, quando passar, talvez já não sejamos mais os mesmos, as marcas de guerra estarão cravadas em nosso espírito como cicatrizes na pele, mas ainda seremos sim capazes de viralizar nossa boa energia, nossa alegria, e renovação.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Amoral

o imprevisto, o infortúnio, o inegável, molesto e doloroso, eu, o sempre eu descompensado, sujo e vil, metralhando com mira desajustada alvos insensatos e, embriagado, não faço jus aos sentimentos do meu pobre coraãço. THE END OF THE END. A moral perversamente extirpada num piscar relampejante de olhos

Mesmo sem as roupas e as armas de Jorge

Bom dia, manhã, bom dia!!
Seja bem vinda, e traga com você a sorte de dias melhores, a paz e a alegria que tanto buscamos em nossas ações. Que sejamos bons na medida certa e que a maldade alheia jamais nos alcance, mesmo sem as roupas e as armas de Jorge. Que tenhamos todos a chance de amar sem medidas, sem receios e, ainda, sermos correspondidos. Amém.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

06 de outubro 2018

Hoje eu acordei com saudade. A primeira lembrança que me veio na cabeça foi de minha mãe, do jeito como ela agia em datas como a de hoje, lembrei da forma como ela me recebia na cozinha de casa e me abraçava dizendo em suas palavras simples tudo o que eu precisava ouvir, seus desejos para a minha felicidade e suas recomendações de que eu jamais esquecesse de rezar e de ter Deus sempre junto comigo. Invariavelmente isso sempre resultava em lágrimas felizes no meio de um abraço bem apertado.
Na hora do almoço, a mesa servida e, já sem surpresa, uma rosa ficava escondida debaixo do prato, colhida ali do seu jardim. Já era quase uma tradição aos aniversariantes da casa. Pequenos gestos, simples e inesquecíveis.
Hoje ao acordar senti saudade, pois sabia que aquele abraço não viria, mas mesmo assim não houve tanta tristeza, pois todos aqueles bons sentimentos e a quentura daqueles tantos abraços que recebi dela ainda estão em mim. Uma saudade cheia de boas lembranças, de coisas que me tornam o Beto de hoje.
Enfim, fato que, é 06 de outubro outra vez e já vão longe os anos da infância e adolescência, mas aquela inocente pretensão de permanecer jovem para sempre ainda persiste em mim. Eu tento, apesar da matemática insistir no contrário. Tento, aproveitando ao máximo os bons momentos, vivendo sua intensidade, aproveitando até o último minuto, até a última música, até a última cerveja, multiplicando, sempre que possível, abraços e sorrisos.
Quase nada me falta. Sou um cara feliz e vivo cercado de pessoas que tornam isso possível. Amar sempre, perdoar sempre... e vida que segue! Amém, e obrigado ao universo que sempre conspirou a favor do bem.

30 anos de Jardim Elétrico


O ano era 1989, fim de tarde cinzento, próprio do outono de Pato Branco. Lembro de alguém dizendo: hoje vai ter show dos piá do Duelo ao Entardecer, vamos?! Eu devia ter uns 14 anos nessa época. Não sabia quem era a banda, mas gostei do nome. Dias mais tarde assisti pela primeira vez a banda Jardim Elétrico, antiga Duelo ao Entardecer, no La Petisquera, um bar que ficava na Av. Tupi, no melhor estilo porão claustrofóbico. Rock and roll e muita fumaça. Meses depois, numa festa na boatinha do Clube Pinheiros, lá estava aquela banda legal outra vez. O lugar estava lotado, não conseguia ver muita coisa, mas o som era incrível, as músicas eram ótimas e o baterista usava uma cartola muito louca.

Pato Branco tinha lá suas peculiaridades. Para uma cidade pequena no final dos anos 80, ate que apresentava uma cena rock bastante viva e a Jardim Elétrico era a melhor e maior representante dessa cena naquele momento. Eu estava começando a me envolver com música nessa época, aprendendo a tocar um instrumento, tinha amigos que tocavam em banda de rock e queria muito fazer parte daquilo. Foi por meio desses amigos e também freqüentando as noites patobranquenses que eu conheci os irmãos Koth, além do Leandro Nesello, que era o baixista da banda. Não éramos amigos, mas trocávamos algumas palavras vez ou outra. Eu acompanhava nos bastidores, como espectador e fã da trajetória da banda. 

A Jardim Elétrico era sinônimo de rock and roll e boa música. Onde estivesse tocando a Jardim a festa era boa. Claro que havia outras bandas, mas a Jardim era a mais expressiva. 

Lá na metade dos anos 90 os caras sumiram, se mandaram pra Curitiba pra estudar e seguir a vida. Tocaram por lá também durante um tempo e, sempre que voltavam a Pato, rolava alguma coisa legal. O bar do momento era o Frango e Fritas, palco de muitas noites de rock e boa música. Tinha também o farol 6imeia, um porão onde a Jardim ensaiava anos antes e que acabou virando um bar. Marcinho na guitarra, Julio na bateria e o Nesello no baixo. Quando não era em algum bar, rolava uns fins de tarde com rock feito na rua, tudo meio na base do improviso e feito no peito mesmo. O lance era não deixar a música parar. 

A Jardim, além de levar no repertório os grandes clássicos do rock, sempre fez questão de mostrar suas músicas autorais. Heill Hippie, Lunático, Benedicto... músicas que se tornariam clássicos patobranquenses.

Lembro de um show que rolou no Teatro Naura Rigon. Era despedida do Julio. O cara estava indo pra Londres e resolveram fazer um show em alto estilo. O Mauro, grande guitarrista, irmão mais velho dos Koth e também o principal compositor das músicas da Jardim veio de Curitiba especialmente para o Show. O Duda Sartori era o baixista no momento, Julio no piano e teclados e o Marcinho na Guitarra e vocais. Esse show foi lindo e também marcante, pois a partir dai muitas mudanças viriam para a banda. 

O tempo passou e eu vi outros novos músicos fazendo parte da formação da Jardim. O Pique entrou como baterista, o Lucas Messias na guitarra base. Mas a essência continuava a mesma.

Em 2001 eu estava no Frango e Fritas bebendo algumas cervejas quando chegaram Marcio e o Pique com um fardo de CD’s. Era a cria da Jardim que tinha tomado forma e ganhou vida. Janelas e Portas foi lançado na Expopato daquele ano e teve grande aceitação por parte dos fãs da banda. Músicas que embalaram toda uma geração estavam agora imortalizadas em formato digital.

Eu, que volta e meia subia no palco de metido para fazer um ou outro backing vocal pro Marcio, em 2003 recebi um convite para fazer um show somente com músicas dos Beatles, minha grande paixão. Eu tocaria baixo e faria segunda voz, Pique na bateria e Lucas Messias na guitarra base. O show aconteceu na Boate Age, e foi bem legal. Aproveitamos o embalo e fizemos uma meia dúzia de outros Shows com o repertório dos Beatles, terninho, gravata e coisa e tal. Eu fui ficando, ficando e fiquei. Meio sem querer querendo, virei baixista da Jardim Elétrico.

Nos anos que se seguiram fizemos muitos shows, embalamos muitas noites ao som do rock and Roll. Em 2008 o Julio voltou de Londres para Pato Branco, e prontamente assumiu os teclados dando novo fôlego para a banda. Tocamos um bom tempo nas noites da cidade e região, tentamos coisas novas, colocamos um par de Sopros para acompanhar um repertório todo voltado pro Soul e Blues, mas com a agenda bastante apertada, shows em quase todos os finais de semana, o lance da banda acabou deixando de ser um prazer e se tornou um compromisso, e isso foi frustrando a todos. Todos éramos adultos, com família e trabalho. Iniciava ai um período de pausa da Jardim Elétrico que durou bem uns oito anos. O Pique mudou para Curitiba e a banda parou. Fazíamos algumas apresentações esporádicas em formato acústico, só pela curtição da música e da companhia.

Agora, em 2019, novamente a banda se reúne e, completando 30 anos de boas relações com a música, volta à ativa com sede total pelo bom e velho roquenrou. Marcinho continua na guitarra e com sua voz cada vez mais afinada. Julico com seus teclados, pianos, guitarras e o potente vozeirão. Quem da conta das baquetas agora é nosso amigo Sidnei dos Anjos Jr, o Foca. Eu, com muita alegria ainda continuo fazendo os baixos e alguns vocais, vez ou outra errado, é fato. 

Certo é que a Jardim Elétrico completa seus 30 anos de estrada e está aí, com o sangue quente nas veias para muitas mais noites e dias com o melhor som, com muita sede e com muita paixão pela música.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

pra entender

Se em algum momento da leitura desse texto você achar que eu to falando sobre política ou algo assim, não... Eu tô falando de amor e amizade.
Quem me conhece sabe que sou da paz e prefiro sempre pensar e crer no melhor das pessoas. Entendo que todo mundo carrega a sua verdade, mesmo que as vezes não seja a mesma que a minha.
Dentro do nosso pequeno círculo de convivência, amigos, família, por tantas vezes precisamos fazer concessões, baixar a bola, ouvir e aceitar opiniões que não batem com as nossas. E, dentro dessa realidade, nem sempre conseguimos nos ver livres de uma ditadura moral ou de uma censura eloquente sob o viés daquele que tem na palavra a pretensa vontade dominadora da verdade.
Isso acontece com pais e filhos, marido e esposa, namorado e namorada e com os amigos em geral, seja lá qual for o assunto. É natural que, quanto mais íntima seja a relação, maior a liberdade para o flerte com a tentativa de domínio da situação... Se faz importante ter a razão.
Yes, we need education.
E, para fechar esta pouco clara explanação de ideias difusas, em tempos de lendas do rock ativistas e ideais políticos, quero unificar duas frases do meu Artista preferido, este sim, ativista, de bandeira em punho nas ruas, engajado em lutas pela igualdade e paz, desde as letras de suas músicas até a tentativa de uma revolução iniciada em uma cama de hotel: You must have learned something in all those years... ALL YOU NEED IS LOVE!*
* Você deveria ter aprendido alguma coisa nesses anos todos... TUDO O QUE VOCÊ PRECISA É AMOR!