terça-feira, 13 de setembro de 2022

Ao amigo

 Ontem eu te vi na rua, amigo. Caminhava com passos certos e firmes, e o semblante ainda indefinido... Triste, em paz? Quis parar o carro ali mesmo, em qualquer lugar, em fila dupla, que fosse, pra te encontrar com um abraço forte, quente, um sorriso verdadeiro no rosto, como em outros tempos, quando coisas tão simples como essas nós eram permitidas sem receios. 

Mas não fiz. Foi só um aceno de mão, querendo dizer tudo o que meses de silêncio e distância não permitiram. Te acompanhei ao longe enquanto cruzava a Oswaldo Aranha e seguia seu caminho. Vai ficar tudo bem, pensei comigo. Quantos outros amigos não vejo, não tenho por perto, não sinto... Ou sinto, sim. Sinto falta, saudade e sim, sinto muito. Sinto por estar longe, distante e em silêncio. E não é um silêncio mudo, confortante, mas um silêncio ruidoso e sem música, sem nota nem melodia, sem risos e sem cor.

Estou aqui, amigo. Mesmo que você não me veja, aqui estou. E mesmo nesse novo mundo, cheio de tecnologia de comunicação, que nos aproxima e conecta, nos permite estar perto mesmo estando muito longe, ainda assim não nos aquece nem preenche.

Mas conte comigo, meu querido amigo. Isso tudo vai passar. E, quando passar, talvez já não sejamos mais os mesmos, as marcas de guerra estarão cravadas em nosso espírito como cicatrizes na pele, mas ainda seremos sim capazes de viralizar nossa boa energia, nossa alegria, e renovação.

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