Apesar de avançado Dezembro,
naquela noite fazia frio em Buenos Aires. Saímos do hotel e as luzes da cidade já iluminavam toda a avenida. Ele
passou seu braço ao redor de minha cintura num abraço quente, mas ainda
segurava firme minha mão como quem não me queria longe nem por um segundo.
Olhei
para ele e sorri. Era nossa primeira noite na cidade, da qual nada conhecíamos,
a não ser pelas fotos dos catálogos de viagens.
Caminhamos algumas quadras e logo chegamos a Plaza de
Mayo , dando de cara com a Casa Rosada. Muitos turistas ainda posavam para
fotos com o monumento ao fundo. Nós
também. Ele tentou pontificar alguma noção de história, dizendo que aquele era
o marco da fundação da cidade e palco de outros grandes acontecimentos, mas
naquele momento eu apenas queria sentir a alegria de estar ali, longe das
coisas cotidianas e bem perto dele, ganhando toda a sua atenção.
Continuamos andando, e um pouco
mais adiante um casal apresentava sensualmente um tango em plena rua, e aquela
cena nos deteve de imediato. Quietos, porém eufóricos, assistimos o espetáculo
até o fim. Seus olhos sorriam, fascinados. Ele estava bem, eu sabia. Quanto
tempo já havíamos planejado aquela viagem, mas por um ou outro motivo não
acontecia. Agora, estávamos ali.
Havia muito movimento de pessoas
nas calçadas e todas pareciam desfrutar do mesmo sentimento que nós. Uma
irradiante alegria e paz interior, sobretudo pelo clima de Natal.
Entramos num café e pedimos alguma coisa para comer. Havíamos viajado aquele dia inteiro, e apesar da euforia estávamos cansados. Muito cansados, na verdade. Decidimos voltar logo para o hotel e assim nos preparar para os próximos dias, que seriam lindos.
Naquela noite, deitados,
continuamos a fazer os nossos planos de viagem e também da vida. A casa, filho,
família. Abraçada e com a cabeça colada em seu peito, podia ouvir as batidas do
seu coração, e podia jurar que elas diziam meu nome. Sim, eu estava feliz e
assim eu seria, para sempre.
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