Eu não lembro a data exata, mas não
esqueço do dia em que a vi pela primeira vez. Chamavam ela de Preta. Logo que o
portão foi aberto, ela disparou para a rua, mostrando toda a vivacidade de uma
filhote de 3 meses. Linda, era ela. Não parava quieta, corria, querendo provar
todos os aromas daquele lote vazio. Acho que já nesse dia ela ganhou um gosto
especial por andar de carro, toda feliz no banco traseiro daquele Celta verde,
da autoescola.
Em casa, sua nova casa,
encarregou-se de reconhecer a todos que ali chegavam, conquistando o carinho e
a admiração e, aos poucos, tornou-se familiar a todos. Arrumamos confusão por
causa do nome, era muito “pessoal” e em virtude disso, a Lucy ganhou várias
derivações e apelidos. Nos últimos anos, era só “nega”.
Minha companheira. Esperava
deitada em frente à porta todos os dias quando eu entreva no banho. Na sala,
ficava ao meu lado enquanto víamos televisão. Reconhecia o barulho do carro e
já me esperava em frente ao portão e, como diria o Robertão, me sorria latindo.
Quando sai de casa, ela ficou com
meus pais. Nos finais de tarde, ali pelas 7h, convidavam ela pra assistir à
missa na TV. E ela ia, ficava ali, coladinha no sofá. Aos domingos, sempre no
meio do círculo formado pelas mãos entrelaçadas para a oração. Sentava ao lado
do pai, esperando o seu pedaço do churrasco, pois sabia que ele sempre dava.
Por 10 anos, ela esteve ali,
sempre. E hoje, ela se foi. Levou com ela parte da minha alegria, e a partir de
hoje, estarei mais só.
Se existe um céu para os cachorros
queridos, que nos fazem felizes, com certeza ela estará lá. Segundo a Isa, o
céu de diamantes. Então lá, terá mais um par de olhos brilhantes, que antes
formavam uma linda estrela quando batia a luz do sol. Já estou com saudade.
Adeus, Lucy... agora, in the sky.