Eram seis horas da tarde e eu corria pelo centro da cidade com minha mulher grávida dentro do carro, com as dores das contrações já, mas não ia em direção ao hospital. Eu precisava buscar a câmera filmadora na casa do Lupião, meu irmão, para poder registrar o evento que mudaria minha vida para sempre. Tudo o que eu sabia do mundo até ali, não era nada. A partir daquele dia eu daria início a um aprendizado sem ementa, sem plano de ensino, sem horário pra cumprir, ministrado por uma pessoa que eu ainda não conhecia, mas que sabia, seria para sempre.
Chegando ao hospital, o médico e sua equipe já esperavam em frente ao centro cirúrgico, impacientes. Sim, estávamos atrasados, mas eu tentei explicar pra ele o por que da demora, ao que ele me deu um banho de água fria. Duvidando visivelmente da minha capacidade de manter-me íntegro, ele foi irredutível, não me deixou filmar o parto e me fez esperar do lado de fora. Foi rápido até, mas sinceramente pareceu uma eternidade. Eu sapateava de cá pra lá, de lá pra cá. Tinha algumas pessoas junto comigo, mãe, irmãos, cunhadas.
Eu esperava ansioso, minha cabeça só pensava como ela seria, se seria perfeitinha, se teria orelhas grandes, se se se...
E então, ela chegou. A enfermeira abriu a porta perguntando quem era o pai. Era eu. Eu era o pai e ela, aquela pequena enrolada num num soft cor-de-rosa, era a minha filha.
Um minuto ou dois, só para as apresentações e então ela voltou pra junto da mãe e ao berçário.
Chorei. Chorei muito, sem saber exatamente o por que. Coisas que não se explicam, apenas se sentem.
Disse antes que havia iniciado nesse dia um aprendizado, e ele continua acontecendo. A cada dia, a cada engatinhada de uma perna só, a cada novo passo, a cada novo sorriso, até os dias de hoje.
Contados no calendário, são 16 anos.
Ela já se fez moça e, inegavelmente uma grande pessoa, um ser humano lindo e especial, que continua me ensinando mais e mais, e me proporcionando a cada dia, mais motivos de alegria para esse pai babão, bobão.
Te Amo Isa. Feliz aniversário.